terça-feira, 1 de abril de 2008


O ensino da matemática deve ser contextualizado. O que é contextualizar?

Um grande desafio didático é realizar a contextualização do conteúdo a ser ensinado, sem reduzir o significado das idéias matemáticas que deram origem ao saber ensinado. Primeiro é necessário ter bem claro o que é contextualizar e, para isso, uso a definição de Silva e Santo (2004): “Contextualizar é situar um fato dentro de uma teia de relações possíveis em que se encontram os elementos constituintes da própria relação considerada”.
Diversas fontes de referências podem ser utilizadas para o ensino de matemática: problemas científicos, as técnicas, problemas gerais, jogos e recreações vinculados ao cotidiano do aluno, a história da matemática, além de problemas motivados por questões internas à própria matemática.
A noção de contextualização permite ao educador uma postura crítica, priorizando os valores educativos, sem reduzir o seu aspecto científico. É importantíssimo que não ocorra a redução do significado do conteúdo estudado devido à redução do ensino a uma única fonte de referência.
Luiz Carlos Pais (2002) exemplifica essa situação, citando um livro didático que mostra problemas de matemática envolvendo preços de apartamentos de luxo localizados em uma famosa avenida da cidade do Rio de Janeiro. Analisando essa situação, o autor levanta as seguintes questões: As referências sociais desse livro são extensíveis ao conjunto de todas as classes sociais da educação pública brasileira? Qual pode ser o significado educacional, para um aluno que mora na favela, de conhecer preços de residências luxuosas, sem o exercício de uma posição crítica?
Contextualizar um saber é uma das mais importantes noções pedagógicas, devendo ocupar um lugar de destaque maior na análise da didática contemporânea. Contextualizar é um conceito didático fundamental para a expansão do significado da educação escolar. Quando o aluno vincula o conteúdo estudado com um contexto compreensível por ele, o valor educacional de uma disciplina é expandido.
A educação escolar deve se iniciar pela vivência do aluno, mas isso não significa que ela deva ser reduzida ao saber cotidiano, uma vez que o objetivo da aprendizagem escolar não é o mesmo do saber cotidiano. Resumidamente, o saber escolar serve para modificar o estatuto dos saberes que o aluno já aprendeu nas situações do “mundo-da-vida”.

Além dos PCN’s, indico as leituras abaixo sobre o tema:

D’AMORE, Bruno. Epistemologia e didática da matemática. 1 ed. São Paulo: Escrituras Editora, 2005.
PAIS, Luiz Carlos. Didática da matemática: uma análise da influência francesa. 2ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. 128p. (Coleções Tendências em Educação Matemática, 3).
SILVA, Francisco Hermes Santos da; SANTO, Adilson Oliveira de Espírito. A contextualização: uma questão de contexto. In: ANAIS DO ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, VII, 2004, Pernambuco. Pernambuco: Universidade Federal de Pernambuco, 2004. p.20.

Que hoje o dia seja mais belo que ontem e pior que amanhã.
Contato: sergiomatematica@yahoo.com.br

Um comentário:

Roseli Venancio Pedroso disse...

Oi Marco, você convidou e eu apareci pra conhecer seu blog. Parabéns! Tem um visual bem legal e os textos muito bons. Visitarei sempre que puder.
Abraço,
Roseli